Era com um veículo só parcialmente assente em cima das balanças que Manuel José Godinho "enganava" a Refer na hora de carregar sucata, com a cumplicidade dos próprios técnicos da empresa, a quem, por vezes, bastava oferecer mil euros.
O modus operandi de Godinho passava pela utilização de balanças basculantes que podem ser transportadas e colocadas debaixo das rodas dos camiões para os pesar. Mas bastava uma roda ficar de fora para que uma parte da carga ficasse, também, de fora das contas. Deste modo, o empresário sucateiro só pagava uma parte do que efectivamente levantava.
A situação que mais lucros terá dado ao arguido Manuel Godinho do caso "Face Oculta" terá acontecido a 22 e 23 de Abril, nas instalações da Petrogal, em Sines. Godinho entregou 10 mil euros a um funcionário e, assim, conseguiu levar cem toneladas de resíduos de cobre (avaliados em 300 mil euros), mas cobertas por resíduos de ferro (menos valiosos).
Idêntico estratagema terá sido utilizado na EMEF, em que foram transportadas várias toneladas de resíduos, avaliadas em 460 mil euros. Estes indícios, aliados a suspeitas de burla agravada e chefia de associação criminosa, por serem puníveis com mais de cinco anos de cadeia, determinaram a prisão preventiva.
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Pub. Miguel Beato
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