"se olharmos para os resultados dos exames nacionais a partir de uma perspectiva territorial (agregando os resultados das escolas de cada concelho e convertendo todas as classificações para uma escala de zero a cem), verificamos que os rankings são afinal, essencialmente, um retrato das desigualdades de desenvolvimento do país.
(...) Ou seja, é em regra nos territórios mais urbanizados e desenvolvidos (com o que isso significa em termos de níveis de habilitações escolares e acesso à informação e à cultura, por exemplo), que encontramos os melhores “desempenhos escolares”. (...)
Significa isto que não há mérito (ou demérito) próprio das escolas nos resultados dos seus alunos, e que tudo se resume a uma simples refracção das características dos contextos sociais em que se inserem? Certamente que não. A questão é que hierarquizar estabelecimentos de ensino, descurando em absoluto o meio envolvente, pode levar a premiar sem fundamento uma escola que acolhe excelentes alunos e condenar uma outra que obtém resultados apreciáveis face às características do meio social em que se insere. São razões desta natureza que também explicam, de resto, parte das diferenças de resultados muitas vezes identificadas entre escolas do ensino público e escolas do ensino privado."
Nuno Serra, in Ladrões de bicicletas.
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