segunda-feira, 15 de novembro de 2010

"Paradoxo nas análises acerca da socrática figura” 

«Confesso que nunca consegui superar o desconforto que o desconjuntado currículo pessoal de José Sócrates me infunde. Quando penso que se trata de alguém que se içou a primeiro-ministro sem nunca ter experimentado uma profissão, que se singularizou em saltitar de incumbência em incumbência política, mercê de todas as coisas visíveis e, sobretudo, invisíveis que a politiquice encerra, excepto, claro, o mérito; quando constato a sua falta de preparação, a sua irremediável incultura geral, política e ideológica; quando reparo no enxame de incompetentes com que recheou tantos cargos nos seus Governos e demais decorrências administrativas (com algumas honrosas excepções, claro); quando comprovo os péssimos resultados destes últimos cinco anos e meio, a forma como afundou o País no atoleiro da má governação, entalando a vida dos portugueses e comprometendo a dignidade das gerações futuras;

quando confirmo que a sua exclusiva inquietação perante o descalabro a que nos levou se traduz em «sacudir a água do capote», falho de qualquer laivo de grandeza que o levasse a admitir uma parcela, ainda que ínfima, de responsabilidade na actual desgraça; quando concebo que Sócrates arrasta consigo uma série infindável de alvoroços, escândalos e enredos (muito) mal contados e pior explicados como nunca, nunca, nunca, algum líder português conheceu, pelo menos desde as circunstâncias que conduziram à deposição de D. Sancho II, O Capelo… Quando pondero tudo isto, por mais que o tente, é muito difícil analisar uma figura deste calibre com a distância que o exame requer e a neutralidade obriga.» (ler aqui).
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