Entre 2004 e 2008, os salários reais aumentaram 0,3% ao ano em Portugal, abaixo da média da União Europeia (2,2%), apesar da acentuação das desigualdades salariais no país. Entretanto, a relação entre o crescimento dos salários reais e da produtividade - os custos unitários reais - é desfavorável aos trabalhadores desde 2000 e o risco de pobreza entre quem trabalha é de 12% (8% na UE).
Estamos num país dual em que quase 20% da população é pobre e 31% vive no escalão imediatamente acima do limiar da pobreza: há mais do que uma "geração dos 500 euros". É sobre este já fragilizado corpo social que se abatem as políticas de austeridade, que acentuam o desemprego e que asseguram a prescrição dos conselheiros económicos de Cavaco Silva e das direitas europeias: redução dos salários nominais e um amplo retrocesso do Estado social.
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Este é o capitalismo realmente existente depois de um ciclo de privatizações, de liberalização da economia e de aceitação acrítica de todos os consensos de Bruxelas. De todos, sem excepção. O pior é que a facção hegemónica da elite económica e intelectual portuguesa não sabe fazer mais nada, não tem imaginação para pensar em mais nada, nem tem interesse em fazê-lo.
In artigo de João Rodrigues, no jornal I.
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