O debate não é novo. E tudo nasce de muitos erros, e erros graves para o país.
O primeiro erro é construir auto-estradas a mais. Temos das maiores, senão a maior capitação de quilómetros de auto-estradas na Europa. Venceu assim o lobby da construção civil, que ganhou uma renda por mais de quarenta anos. Mas não era preciso. Bastava ser sensato: pode-se construir estradas rápidas e seguras que não sejam auto-estradas, e é o que se deve fazer sempre que haja poucos carros a usar esse trajecto (menos de 15 mil por dia). É o que fazem outros países europeus.
O segundo erro foi prometer tudo a todos. Financiamento às empresas e gratuitidade às pessoas. Ora, somos nós, contribuintes, quem paga sempre. Pagamos em impostos e pagamos em portagens. O que é inaceitável é pagar duas vezes e não ter alternativa.
O terceiro erro, agora, é impor portagens contra o prometido e contra a evidência. Alguém encontra uma alternativa de atravessamento da região no Algarve, que não seja a Scut? Ou em algumas das auto-estradas do Norte? Ou nas circulares urbanas? Não há alternativa e não devia haver portagem sem alternativa razoável.
Depois destes três erros, temos agora o quarto, o da chantagem. O PS e o PSD negoceiam o tudo ou nada: para chegarem a acordo, portagem em todas as estradas, diz o PSD. E o PS agradece. Assim, parece que nem propôs nem quis esta solução, mas é a que mais convém às receitas orçamentais, e estamos no tempo do vale tudo.
Verifica-se assim uma velha lei da política portuguesa: as medidas do PS são péssimas, as medidas do PSD são péssimas, mas quando se juntam os dois é muito pior do que péssimo.
23 Junho, 2010.
Por Francisco Louçã.
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