A Estação Ferroviária de Braço de Prata é a primeira que o viajante encontra na linha do Norte, depois de iniciar a viagem a partir de Santa Apolónia. É a grande porta de entrada na freguesia de Marvila por via ferroviária (se exceptuarmos os apeadeiros de Marvila e Chelas). Encontra-se situada na antiga área industrial outrora dedicada à produção de material de guerra – a Fábrica de Braço de Prata - que há muitos anos está desactivada.
É certamente uma das primeiras estações ferroviárias portuguesas e não será muito difícil ao cidadão ocasional que nela se encontre experimentar a sensação única de regressar ao passado, dito de outra forma: à segunda metade do século XIX. No entanto, vejamos:
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A entrada pela Rua Dr. Estevão Vasconcelos é feita por meio de linhas e edifícios semi-abandonados, num local sem iluminação, coberto de poças de àgua suja. O caminho "oficial" que os utentes seguem para chegar às plataformas é em piso irregular, alternando paralelo, alcatrão e terra batida, onde abundam ervas e o lamaçal é generalizado. A distância a precorrer implica contornar todo o edíficio da antiga estação!
O caminho "alternativo", que é usado por quase toda a gente, é o que conduz à plataforma do antigo cais coberto (vulgarmente conhecido como armazém) e que ardeu há alguns anos atrás, libertando assim o espaço. Uma escada "improvisada" pelo habitual desenrascanço lusitano (junto à palmeira que se vê na segunda foto) permite chegar, finalmente, à gare semi-abandonada da estação.
A entrada pela Rua do Vale Formoso só é acessível a carroças e não a cidadãos a pé. Na verdade, o passeio ficou esquecido lá atrás, perto do fim da nova urbanização. De novo, o custume: terra batida, um silvado, um lameiro que abre para um carreiro mal alcatroado que atravessa umas ruinas onde outrora morou gente e hoje não há ninguém, conduz-nos directamente à ponte pedonal da Av.ª Infante D. Henrique.
À noite o local possui uma sinistra tranquilidade : a falta de luminosidade e de gente a circular transmite, a quem a frequenta aquela estação, uma sensação difusa mas clara de insegurança. A incúria das entidades públicas responsáveis (no caso, REFER e Junta de Freguesia) é evidente. Algo que nos leva a pensar se o pior não poderá vir a suceder um dia destes.
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